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seu coração pulsava de forma clara e afiada,
e seu sangue transbordava de saúde, força, fé.
seu corpo irradiava de vida e emoção, dor e alegria;
cheio de defeitos, mas perfeito do rosto ao pé.
feias eram suas falhas, divinas eram suas vitórias,
mas você nunca acreditou nisso, né.você preferiu o medo, a angústia de seguir em frente.
pois te disseram que não era o bastante, que nunca seria,
e seu coração acreditou no que disseram à sua mente.
te mostraram seus defeitos, esconderam seus acertos,
e assim o mundo te proibiu de ser gente.eles criaram o problema, e forjaram junto a sua solução.
te trataram como uma criatura que só falha, sofre, teme,
e colocaram um marcapasso na sua mão.
e disseram “isso irá te ajudar”
e disseram “isso irá te salvar”
mas não disseram que não ia precisar.e no início, tudo parecia mais fácil.
eletrizado, batia de forma rítmica,
seu novo coração com sua doce bateria.
mas isso não durou muito tempo, né.você não se permitiu mais falhar, nem doer, nem chorar.
mas como errar é algo tão doce, tão vivo, tão humano,
entregou sua energia ao aparelho que controlava seu amar.
e você achou que, desse jeito, não erraria mais.
e você achou que, desse jeito, tudo ia melhorar.mas de que adianta, quando até o marcapasso só sabe errar?
valeu a pena? desistir da sua energia, por algo que já poderia alcançar?
tornar sua muleta, um objeto que serve pra te controlar?seria agora, tarde demais?
já não ama como antes, não odeia, nem mesmo cria.
não pensa sozinha. não está mais em harmonia.agora você sente, pensa e teme igual
a todo, e qualquer, coração de metal.outubro de 2025caso não tenha ficado claro, esse é um texto anti-ia. pau no cu de todas as ias generativas do planeta. odeio todo e qualquer uso de ia generativa. se você usa chatgpt pra qualquer coisa que seja, eu vou olhar torto pra você (e eu vou ter razão). pesquise, se informe, e milite por um mundo mais humano.
esconda-se.
esconda-se dos olhares de nojo e desgosto que te rodeiam.
esconda-se da humilhação, dos risos, dos dedos que pra ti apontam.
rasteje de volta para o buraco sombrio e solitário que cavaram para você.e com você calada, decidirão quem você é no seu lugar.
escolherão seu nome, seu gênero, sua cor.
seus interesses, seus medos, sua dor.
pois com você em silêncio, eles já não tem porque parar.esconda-se, se você quer morrer com um nome que não é seu.
quantos outros, foram reescritos em livros que ninguém leu?
quantos outros, foram forçados a se ocultar naquele breu?
quantos de vocês precisam morrer para que você lute pelo que é teu?pois então, comecem a se levantar.
unam-se, juntem suas mãos, e comecem a gritar.
e façam das suas vozes um canto que eles não podem mais ignorar.
e persistam unidos, até o dia em que todos vocês morram.
pois esse é o cruel destino daqueles que eles matam de vergonha.outubro de 2025pensei nesse pequeno texto após ajudar a organizar um sarau na minha cidade. é uma experiência incrível, revigorante para a alma, e muito gratificante. recomendo a todes que participem de um sarau! e apoiem os de sua região!
e vocês nos deram nossos nomes.
nos dividiram em homens e mulheres,
fortes e fracas, rudes e elegantes, machos e femeas.vocês nos disseram que somos homens, e nos ensinaram a vestir seus ternos e gravatas.
vocês nos disseram que somos mulheres,
e nos ensinaram a dançar com seus vestidos e saltos.
e desde que vivessemos assim, tudo acabaria bem.
e desde que ficassemos em silencio, nao haveria problema nenhum.
mas vocês mentiram.pois vocês nos deram regras que não nos incluem.
nos deram leis que não nos protegem.
nos deram roupas que não nos cabem.
nos deram uma língua que não nos representa.
nos deram nomes que não nos servem.e por medo, nós vivíamos em silencio.
viviamos com medo de virar capa de jornal. minto;
nunca não nos colocam no jornal.
vivíamos com medo do olhar confuso e opressivo dos nossos amigos e familiares. minto;
nunca se importaram em nos ajudar.pois dia após dia, hora após hora, vocês nos matam.
nos excluem do público com a sua violência.
nos excluem das ruas com a sua objetivação.
nos excluem da sociedade quando nos olham com nojo.
nos excluem das familias quando nos olham com vergonha.e não basta apenas nos excluir.
vocês nem reconhecem que a gente existe.
as igrejas dizem que não existimos.
os deputados nos caçam como ratos.
os países nos expulsam e nos oprimem.
mas eu tenho que ficar em silêncio e ser paciente com aquele amigo ignorante, não é?
mas eu que estou fazendo tempestade em copo d'água, não é?mais da metade. é a quantidade de nós que sofre depressão devido ao estresse que vocês causam.
mais de um quarto. é a quantidade de nós que vocês quase conseguiram matar.
menos de um terço. é a nossa expectativa de vida, comparada com a sua.e sim, não foram vocês que começaram isso.
mas vocês podem nos ajudar a terminar.
e sim, muitos de vocês não tem culpa de disso.
mas se não fizerem nada, vocês não passam de cúmplices.
e sim, tem muitas coisas que vocês podem fazer por nós.participar de nossas causas.
conscientizar suas famílias.
apoiar nossas vozes.
mas se isso for tão difícil assim de fazer,pelo menos nos deixe escolher nossos próprios nomes.novembro de 2025fiz esse texto segunda-feira, durante uma palestra. tentei fazer algo mais direto, que é diferente do meu estilo de poesias comum. estou começando a me sentir inspirada para começar a explorar novas formas de arte.
a culpa disso tudo é deles.
eles que nos deram as piores casas.
eles que nos tiraram de seus empregos chiques.
nos jogaram aqui, nesse nosso doce poço,
e nos disseram que a culpa é nossa.
nós somos nós,
e eles são eles.então tudo que eu fizer, eu farei pelos nossos.
e vou estudar nas nossas melhores escolas,
e vou me esforçar nos nossos melhores empregos,
e vou comer das nossas melhores refeições,
e viverei aqui feliz para sempre.mas a nossa dor, dia após dia, se agrupa e se aumenta.
e dela soltamos nosso ódio, nosso nojo, nosso medo.
pois da injustiça desse mundo,
dos pecados deles,
que nossos demônios se alimentam.e frente a brutalidade desse país sujo,
onde os porcos se banham no ouro e os humanos se banham no musgo,
nós fazemos o que podemos pra sobreviver.
em busca de uma fraca luz de esperança, esperança de um mundo mais justo,
nós corremos para as casas deles.
nós nos agarramos aos empregos deles.
nós saímos daqui, de onde viemos, para ir viver no mundo deles.e muitos de nós conseguem, e acreditam que o fizeram pois são parecidos com eles.
e muitos de nós não conseguem, e acreditam que precisam melhorar para se adequar às regras deles.
todos nos culpam pelo que fizeram com a gente.
tanto nós, quanto eles.
e nós abandonamos nosso passado em busca de um futuro melhor.
não mais nós, agora só eles.e para aqueles que lutam pela própria casa,
que lutam pelo próprio povo,
que buscam melhorar seu próprio poço,
você é como nós.
e por favor,
nunca seja como eles.novembro de 2025também fiz esse texto em outra segunda-feira. também fiz ele durante uma palestra, sem revisar e escrevendo direto. uau.
eu sempre gostei muito de histórias de vampiros.
sempre fui fascinado pelo mistério que evocam,
e pelo terror que era ver os mortos devorando os vivos.
achava que eram monstros misteriosos, com os mais diversos poderes,
que possuíam um charme hipnótico que usavam para atrair suas vítimas,
que se transformavam em morcegos, corvos, lobos e muitos outros seres.
achava que eram bichos muito espertos, que usavam de artimanhas e mentiras para caçar,
que apesar de fortes e poderosos, eles só tinham força quando banhados no luar.mas quanto mais eu fui crescendo, mais eu parei de gostar deles.
pois toda noite, todo dia, por vários anos, agora vejo um vampiro caçar.
não são fortes nem misteriosos, só possuem o doce poder do dinheiro.
não são fascinantes nem charmosos, pois sua alma fede à porco.
não estão mortos e não perderam sua vida, pois a empatia é a única coisa que foram abandonar.
e não precisam da lua para agir.
em plena luz do dia, na frente de todo mundo,
é a hora em que saem para matar.novembro de 2025é um dos primeiros textos em muito tempo que não é tão fodido e tão depressivo assim, e é bem forte. vou ler ele em um sarau. desejem-me sorte